Jogadores do Uruguai com a taça da Copa América: conquista justíssima (Foto: Agência Reuters)
As câmeras estavam viradas para Messi. Mas o astro do Barcelona, mais uma vez, decepcionou com a camisa da seleção. E a Argentina foi eliminada nas quartas de final. A expectativa esteve também em cima de Neymar, que havia acabado de levar o Santos ao título da Taça Libertadores e tinha propostas milionárias do futebol europeu. Mas o que se viu foram apenas lampejos e pedaladas. E o Brasil também decepcionou. Caiu diante do Paraguai, em uma eliminação marcante por dois aspectos negativos. Pela primeira vez, a Seleção perdeu quatro penalidades em uma mesma partida. E o oitavo lugar no geral foi a pior colocação da história moderna da competição. Mas a Copa América não foi feita só de fracassos. Ela serviu também para consagrar uma geração e devolver o orgulho de um gigante que andava adormecido no futebol. Com uma equipe bem armada e talento aliado à tradicional garra, o Uruguai de Forlán, Lugano e Suárez conquistou o continente e levantou a taça pela 15ª vez, assumindo novamente a hegemonia diante da rival Argentina, que tem 14 títulos.
CLASSIFICAÇÃO FINAL
DA COPA AMÉRICA 2011 |
1º - Uruguai
2º - Paraguai
3º - Peru
4º - Venezuela
5º - Chile
6º - Colômbia
7º - Argentina
8º - Brasil
9º - Costa Rica
10º - Equador
11º - Bolívia
12º - México |
Serviu também para mostrar a evolução do futebol venezuelano. Antigo saco de pancadas do continente, o Vinotinto surpreendeu com um futebol sólido e eficiente. E conseguiu um inédito quarto lugar após empatar com o Brasil e o Paraguai (duas vezes) e vencer Equador e Chile.
- Nossa maior conquista foi passar a ter o respeito dos adversários. Mostramos que podemos ter brilho e entrar em campo sem temer ninguém. Hoje o mundo sabe que na América do Sul há uma outra seleção com qualidade - disse o técnico venezuelano César Farias após o quarto lugar.
Não foi uma Copa América dos artilheiros. O peruano Guerrero terminou como principal goleador ao balançar a rede cinco vezes. Mas os ataques não se mostraram tão inspirados. Com 54 gols em 26 jogos, a 43ª edição da competição teve a segunda pior média da história com apenas 2,07 gols por partida.
- Parece-me que atualmente as grandes potênciais sul-americanas já não têm mais tanta superioridade assim contra o resto do continente e a diferença do nível do futebol está bem menor - analizou o ex-atacante chileno Iván Zamorano.
Luis Suárez, o melhor jogador da Copa América
Luis Suárez não era apontado entre as estrelas da Copa América no início da competição. Messi, Tevez, Agüero, Neymar, Alexandre Pato, Diego Forlán, Roque Santa Cruz, Falcao García... ficavam com todas as atenções. Mas, no fim, foi o atacante do Liverpool quem brilhou e levou o prêmio mais cobiçado entre os jogadores. Suárez foi eleito pelos jornalistas que cobriram o torneio o melhor jogador da Copa América. Com quatro gols, dois deles na semifinal contra o Peru e outro na decisão contra o Paraguai, ele desbancou a concorrência e ficou também com a vice artilharia, terminando apenas atrás do peruano Guerrero, que marcou cinco vezes.
a equipe na final. E o artilheiro foi o peruano Paolo Guerrero, autor de cinco gols para a seleção que ficou em terceiro lugar.
O Uruguai dominou as premiações da Copa América. Além de Suárez, o zagueiro Coates, de apenas 20 anos e que estava na mira do São Paulo, foi eleito a revelação da competição. A seleção treinada por Óscar Tábarez ganhou ainda o prêmio de Fair Play como time mais disciplinado do campeonato.
O melhor goleiro do torneio foi o goleiro Justo Villar, herói do Paraguai nas disputas de pênalti contra o Brasil e contra a Venezuela, que garantiram vagas.
Vaga garantida na Copa das Confederações
Com a conquista da Copa América, o Uruguai garantiu lugar na Copa das Confederações de 2013, que vai ser disputada no Brasil. Vai ser a segunda vez que o país participa da competição. Até agora, cinco das oito seleções já estão confirmadas. Além do Uruguai, o Brasil por ser o país-sede da Copa de 2014, a Espanha, por ser a atual campeã do Mundo, o México, representando a Concacaf e o Japão, por ter conquistado a Copa Asiática de seleções. Ainda falta definir os representantes da Europa, da África e da Oceania.
A Copa América em 10 atos:
Pênaltis nas alturas
O buraco levou a culpa. Mas as quatro cobranças erradas do Brasil na decisão por pênaltis contra o Paraguai nas quartas de final da Copa América entraram para a história. Nunca havia acontecido algo parecido com a Seleção. A cobrança de Elano passou 3,7 metros acima da linha do gol, enquanto André Santos mandou a bola a 3,4 metros. Thiago Silva chutou mal para a defesa do goleiro Justo Villar. E Fred errou a mira e também chutou para fora. Resultado... após o empate por 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, o Brasil voltou para a casa com uma estranha derrota por 2 a 0 na disputa por pênaltis.
Messi, desolado após a derrota (Foto: EFE)
Onde deve jogar Messi?
Melhor jogador do mundo, vencedor de todos os títulos possíveis com o Barcelona nos últimos dois anos. E a pergunta que mais se fez na Copa América foi por que Messi não consegue repetir na Seleção Argentina as boas atuações do clube espanhol? Até Mano Menezes defendeu o camisa 10 argentino.
- Aqui ele enfrenta seleções formadas pelos melhores jogadores daquele país. Existe uma diferença grande de jogar contra o Getafe e diante da Colômbia. Precisamos aceitar isso - disse o treinador brasileiro.
O técnico Baptista tentou de todas as formas solucionar a charada. Primeiro, escalou a Argentina com a mesma distribuição tática do Barcelona. Não deu certo. Após dois empates decepcionantes contra Bolívia (1 a 1) e Colômbia (0 a 0), o treinador resolveu recuar o meia e apostar em Messi como armador. Deu certo contra a Costa Rica (3 a 0) e contra o Uruguai (1 a 1). Mas faltou o camisa 10 chamar a responsabilidade e decidir no momento certo.
Os paredões da América
O paraguaio Justo Villar fechou o gol contra o Brasil, nas quartas de final, e contra a Venezuela, na semifinal. Apesar das 28 finalizações nas duas partidas, nada entrou. Com méritos, foi eleito o melhor goleiro da Copa América. Já o uruguaio Fernando Muslera teve o seu dia inspirado contra a Argentina. Fez defesas incríveis e ainda defendeu o pênalti cobrado por Tevez, eliminando os donos da casa da competição.
Mascote da Copa América (Foto: Divulgação)
Mascote sem brilho
Os torcedores nem faziam ideia do seu nome. Suri, uma ave estranha, não conseguiu conquistar o público durante a Copa América. A mascote até aparecia nos estádios, mas não contagiava nem um pouco o público. Além disso, a organização não investiu em produtos com a marca de Suri. O tradicional bicho de pelúcia da mascote não foi fabricado. E poucas camisas levava o rosto da ave. Suri passou pela Argentina sem ser notada. E ninguém parece ter sentido a sua falta.
O jogão da Copa América: Argentina x Uruguai nas quartas de final
Foi um jogo épico, emocionante, digno das grandes competições. E, mesmo jogando em casa, a Argentina sucumbiu. A seleção de Diego Forlán levou a melhor nos pênaltis por 5 a 4, em Santa Fé, e se garantiu nas semifinais da Copa América. O nome do jogo foi um atleta nascido em Buenos Aires, mas filho de uruguaios. O goleiro Fernando Muslera foi o herói da Celeste com grandes intervenções na etapa regular do confronto e ainda pegou uma cobrança de Carlitos Tevez na disputa de pênaltis depois da prorrogação sem gols. Isso tudo sem falar que os uruguaios tiveram um jogador a menos desde os 37 minutos do primeiro tempo até os 41 da etapa final. Diego Peréz foi expulso, enquanto Mascherano também recebeu o vermelho, mas quase no fim do tempo normal.
Egny Eckert, a musa da Copa América (Foto:Reuters)
A disputa das musas
O Fenômeno Larissa Riquelme, que ganhou fama mundial ao torcer pelo Paraguai durante a Copa do Mundo de 2010, fez várias modelos tentarem usar a
mesma tática e buscar a fama instantânea nesta Copa América. O que se via nos estádios e nas redes sociais era uma disputa para ver quem tinha o maior decote, quem era mais sensual. Algumas passaram dos limites, como a venezuelana Brenda Perez, que resolveu tirar a roupa e pintar um biquini no seu corpo ao vivo pela twittcam, com milhares de internautas observando. Com dez quilos a mais em relação ao ano passado quando teve as fotos circulando pelos quatro cantos do planeta, Larissa viu as modelos paraguaias Patty Orue e Egny Eckert ganharem a atenção dos fãs. Egny foi eleita a musa da Copa América em eleição feita pelo GLOBOESPORTE.COM.
Neymar no jogo do Brasil contra o Equador (Foto: EFE)
Nova geração ainda verde
Neymar e Ganso centralizaram os holofotes da Seleção. Chegaram para a Copa América como os responsáveis para levar o Brasil ao tricampeonato. Mas não brilharam como o esperado. Alexandre Pato também gerou dúvidas em relação a ser o futuro goleador do time canarinho. O atacante desperdiçou algumas chances e falhou nas horas decisivas. O meia Lucas, do São Paulo, foi outro que teve o nome gritado pelos torcedores em todos os jogos. Mas entrou em todas as quatro partidas sem conseguir se destacar. No fim, o Brasil não teve um jogador seguer na seleção dos melhores da Copa América.
César Farias, o figuraça
O técnico da Venezuela mostrou ser uma pessoa de personalidade forte e capaz de levar o país ao bom nível do futebol mundial. No início da Copa América, bancou que o Vinotinto jogaria de igual para igual com todos os rivais e não teria medo de ninguém. Com um esquema bem armado, a Venezuela realmente surpreendeu. Nas coletivas, ele também sempre tinha uma resposta afiada para os jornalistas. E até se envolveu em uma confusão com Neymar no intervalo da partida contra o Brasil.
Consagração de Diego Forlán
Foi uma Copa América para o camisa 10 uruguaio. Na primeira fase, ele superou Rodolfo Rodrigues e passou a ser o jogador mais partidas pela Celeste. Já na final, Forlán marcou duas vezes, quebrou o jejum de gols que vinha desde a Copa do Mundo de 2010, e igualou a marca de Hector Scarone (31 gols) para entrar para a história como o maior artilheiro do Uruguai. Scarone defendeu a camisa uruguaia entre 1917 e 1930. O atacante estava na seleção que conquistou a primeira Copa do Mundo, no Uruguai, e as duas medalhas de ouro olímpicas - 1924, em Paris; e 1928, em Amsterdã - além de ter levantado quatro vezes a Copa América.
A nova cavadinha de Loco AbreuDurante a animada comemoração uruguaia no vestiário do estádio Monumental de Nuñez, Loco Abreu foi "traído" por Diego Forlán, que registrou e postou na Internet um vídeo com a taça da Copa América sem perceber que ao fundo o atacante do Botafogo estava rebolando de cueca como se fosse uma dançarina de axé. E Loco Abreu ainda leva uns tapas do volante Gargano... Quando vê que está sendo filmado com a "cavadinha”, o botafoguense fica sem graça e arruma a cueca. Um pouco mais tarde, todo arrumado e já com o tradicional terno da seleção uruguaia, Loco Abreu reagiu com bom humor ao saber que as imagens já tinham se espalhado e virado assunto na internet.
- Se é só de cueca não tem problema, não (risos). Agora que a gente foi campeão pode tudo. Se tiver respeito com a gente não tem problema não - disse Loco Abreu.