Alguém já disse que inflação é como pasta de dente. Fácil de sair do tubo. Difícil é colocá-la de volta.
Volto das férias. O problema nacional é a inflação.
É a maior herança do último ano de Lula, da farra para eleger Dilma e do crescimento irreal de 7,5% em 2010 --o maior desde 1986, ano da fraude do Plano Cruzado.
Os salários perdem a corrida para a inflação desde outubro/10. Resultado do aquecimento promovido em 2010 para manter a sensação de bem estar e de crescimento: Dilma rumo ao Planalto.
Em outubro de 2010, o rendimento médio real do trabalhadores no Brasil era de R$ 1.564. No fevereiro pós eleição, caiu para R$ 1.540 (-1,5% no período).
Parece pouco. Mas equivale a 6 kg de frango. Pense em uma família de cinco ou seis.
A economia aquecida além da conta na virada 2010/2011 tem dois efeitos: leva trabalhadores a pedir mais aumentos; e empresários a perseguir mais lucros.
É um ciclo vicioso, dentro de um cenário aparentemente virtuoso: a demanda em alta permitirá, por algum tempo, salários e margens de lucro crescendo. Todo mundo parece ganhar.
Mas a inflação vai barrar esse processo. Se não for controlada, descarrilhará a economia.
Na construção civil, aquecida pela política de crédito farto do governo, trabalhadores buscam reajustes salariais de até 15% acima da inflação. Há greves em vários Estados atrás desses percentuais.
Tudo sobe. Nos supermercados, faturas mensais, lojas e restaurantes.
Em menos de um ano, os preços de commodities agrícolas subiram 70%. Os importados já não contêm preços de similares nacionais.
Pelos olhos do passado, de grandes crises, impasses e rombos externos, seria um problema menor. Não é.
O Brasil ainda é atrasado e pobre. A grande promessa é erradicar a miséria e consolidar a classe média.
Contra isso, nada pior do que o movimento inflacionário de hoje.
Pobre não aplica, investe ou especula. O que entra, sai.
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