Aprendendo com lulopetistas
Justiça seja feita: é possível aprender muito com os lulopetistas. Todos os dias, recebemos deles uma nova e valiosa informação, capaz de revolucionar nossos conceitos sobre as mais diversas áreas do conhecimento. Esqueçam tudo que a Musa Antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta.
Primeiro foi o homem formado na universidade da vida, caso único na historia da humanidade de filho de uma mulher que nasceu analfabeta, que nos brindou a todos com suas pérolas de sabedoria.
Graças a ele, aprendemos, por exemplo, que, ao contrário do que mostram os mapas e livros de geografia, o Brasil não faz fronteira com a Bolívia.
Foi-nos revelado, ainda, que para se viajar do Brasil aos EUA é preciso atravessar o Oceano Atlântico – a Terra de Obama, como se sabe, fica na Europa ou na África, não na América.
Para ficar no terreno da geografia, descobrimos que os iranianos são árabes, e não persas, e que o problema do aquecimento global só existe (!) porque a Terra é redonda. Sem falar na revelação histórica, que passou despercebida até aos maiores pesquisadores, de que Napoleão invadiu a China.
Foram algumas contribuições ao avanço da ciência feitas pelo maior líder mundial desde o Gênese. Outras certamente viriam, se nosso demiurgo, que dispensou a educação formal quando teve a chance, não considerasse o hábito de ler tão enfadonho quanto andar de esteira (seu contributo ao estímulo à leitura entre as crianças).
Tantas foram as gemas de pura ciência e aristotélica inteligência despejadas ao longo de oito longos anos pelo criador do Brasil-Maravilha registrado em cartório que muitos sábios, certamente humilhados por tamanha sapiência, resolveram conceder-lhe várias homenagens acadêmicas. Já estão pensando mesmo em criar uma disciplina especial somente para descobrir como receber um título de doutor honoris causa sem precisar ter lido sequer um livro na vida.
Agora, o mestre parece ter encontrado uma discípula à altura. Embora não tão hábil com as palavras quanto o mentor e inventor, a ponto de quase nunca conseguir concatenar, numa mesma frase, sujeito e predicado, de modo a apresentar uma única idéia coerente, obrigando observadores a fazerem uso de um intérprete, a Soberana parece estar se esforçando para atingir o mesmo nível de excelência.
Quem mais, além da musa de Arnaldo Jabor, para nos ensinar que o Oceano Atlântico não passa de um tributário dos rios Capibaribe e Beberibe, como disse ela em recente discurso no Recife? (Duvida? Veja aqui: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/celso-arnaldo-conclui-a-antologica-implosao-do-pior-discurso-de-todos-os-tempos/)
Depois dessa, a quem poderia surpreender uma ministra dos Direitos Humanos (!) dizendo não ver nenhum problema nesse quesito na ilha-prisão de Cuba (!!) e pregando abertamente a desobediência à Lei (no caso, a de Anistia) para transformar uma "comissão da verdade" numa farsa para punir militares de pijama (mas não os companheiros que jogaram bombas, sequestraram e mataram inocentes)?
E o que dizer de uma ministra das mulheres confessar-se uma aborteira (!) praticante e dizer (e ser aplaudida!) em seu discurso de posse que ela, ex-integrante de grupo armado de extrema-esquerda nos anos 60, lutou pela democracia (!!!)?
E mais: sendo apoiadas pela presidente e pelo ministro da Defesa (!), que pediram punição a um grupo de militares da reserva (amparados na Lei, que lhes dá esse direito) por terem lançado manifesto contestando o que vai acima?
Diante disso, francamente, que importância tem o fato de que o Brasil teve como ministro da Educação um militante que não sabe soletrar a palavra “cabeçalho” e que aprovou livros didáticos ensinando (!) que falar – e escrever – “nóis pega os peixe” é a mais pura manifestação de variedade linguística?
O que é isso, diante da verdadeira revolução na geografia mundial proporcionada pelos discursos da Poderosa? Ou a formidável revisão histórica realizada pelos companheiros de armas que, tendo fracassado em seu intento de transformar o Brasil numa nova Cuba, agora alegam terem lutado por eleições livres e liberdade de imprensa?
Não duvido que um dia acordaremos com a notícia de que o governo decidiu, por decreto, que o Oceano Pacífico nasce no rio S. Francisco, Tóquio é uma filial do bairro paulistano da Liberdade e Veneza, um subúrbio da capital pernambucana.
É o Brasil, caminhando célere para se tornar a maior potência mundial.
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