Hora de mudar o ECA.
Fernando Haddad afirmou que é contra a redução da maioridade penal e que acha difícil que o tema avance no Congresso Nacional, respaldando sua tese no fato de que temos uma população carcerária das maiores do mundo em condições impróprias. Talvez, então, não devamos “mexer” no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), deixando os menores infratores soltos nas ruas, já que ninguém providenciou lugar próprio para eles. Ora, sr. Haddad, o que o senhor deveria fazer é apoiar a iniciativa de Geraldo Alckmin, que propôs a revisão deste estatuto. Do jeito que está não pode ficar, algo tem de ser feito, e com a máxima urgência! O prefeito de São Paulo também mencionou a “tese” de que essa questão necessita ser debatida profundamente, pois a população, em momento de comoção, tem a tendência de aprovar, em outras palavras, qualquer coisa. Momentos de comoção estamos vivendo há muitos anos, pois é um crime hediondo atrás do outro. E tempo já houve para que olhassem para esse tema, o que não houve foi “boa vontade” nem senso de responsabilidade e competência por praticamente nenhum de nossos representantes. No último sábado, estive na passeata na Avenida Paulista, onde número enorme de famílias esteve presente para exigir mudanças nas leis penais e no ECA. Aconselho o senhor Haddad a ir à próxima passeata para tomar conhecimento de que não se trata há muito de um caso isolado aqui, outro ali. Para se inteirar de que vivemos uma guerra no nosso dia a dia, tentando sobreviver a este governo que não se movimenta em direção da sociedade, para protegê-la de bandidos cruéis e sem respeito à vida. Para entender que hoje se mata por divertimento, com prazer. Para viver de perto o drama de famílias destroçadas, incapazes de superar o descaso de nossas autoridades, pois seus filhos ou amigos perderam sua vida tragicamente, e estão lutando para proteger seus outros filhos e os filhos de todos nós. Para ver as lágrimas vertidas em pronunciamentos de quem tem uma dor que nunca será curada! O senhor prefeito precisa tomar conhecimento das estatísticas para, no mínimo, não dizer que é uma comoção simplesmente: é, além de tristeza dolorida, um pedido desesperado de socorro! A vida, sr. prefeito, pede passagem. Pede, não, exige!
*Myrian Macedo
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