segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

PT: UM PARTIDO DESONESTO





O PT e a desonestidade como essência e método. Ou: Não adianta! O que define a vida de Lula é tentar eliminar FHC da história

A desonestidade intelectual no PT é um método. Mais do que isso: é uma essência. O partido dará início aos tais seminários para comemorar os dez anos no poder. Leio na Folha de hoje o que segue. Volto em seguida.
A comparação de dados com as gestões do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) na Presidência vai nortear os seminários que o PT fará, a partir desta quarta-feira, para exaltar os dez anos do partido à frente do Palácio do Planalto. O PT elaborou o documento confrontando indicadores sociais e econômicos do governo “neoliberal” do PSDB aos dos mandatos “desenvolvimentistas” de Lula e Dilma Rousseff, estrelas do evento inaugural, em São Paulo, onde a cartilha será distribuída. “O objetivo, além de resgatar o que foi realizado nos últimos dez anos, é comparar e mostrar como o Brasil mudou a partir de um outro modelo de desenvolvimento”, diz o presidente do PT, Rui Falcão.
Serão usados dados oficiais de órgãos como o Banco Central e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na lista, índices de inflação, desemprego, dívida pública, desigualdade e o valor do salário mínimo. Após o seminário de quarta, debates ocorrerão em dez Estados até maio, sempre com a presença de Lula. A ida de Dilma a todos os atos ainda não está confirmada.

(…)

 
Voltei

É impressionante! Lula existe para tentar se provar melhor do que FHC e para destruir a obra do antecessor. A esses seminários, vocês verão, comparecerão muitos “intelectuais do partido” — como se essas coisas pudessem se juntar numa só pessoa… Tivessem um mínimo de vergonha na cara e respeito pela academia (a que muitos deles pertencem), jamais endossariam uma patuscada como essa. Por quê?

Justamente porque se trata de uma desonestidade com a história e com o pensamento. Antes que avance, lembro que o PT, nesse cotejo, costuma mentir bastante e trabalhar com dados selecionados, dando destaque apenas àqueles que lhe são favoráveis. ATENÇÃO! Ainda que dissesse só a verdade e ainda que todos os indicadores fossem favoráveis ao petismo, faz sentido comparar os dois períodos? A resposta, obviamente, é “não!” Qual era a realidade do país quando cada um deles chegou ao poder?

Se Lula tivesse vencido a eleição de 1994, por exemplo, o Plano Real teria ido para o vinagre, e Deus sabe em que estado miserável estaríamos hoje. As condições, muito especialmente as externas, em que FHC governou foram muito mais inóspitas do que as destes dez anos de petismo, por exemplo. A balança comercial sorriu para PT não porque o Brasil começou a exportar muito mais, mas porque o preço das commodities disparou.

Uma coisa é recompor o valor real do salário mínimo, por exemplo, como fez FHC, no curso de um esforço para debelar a inflação; outra, distinta, é manter essa recomposição com as principais variáveis da inflação já domadas. O assunto é longuíssimo. Teremos muitas outras oportunidades de voltar ao tema à medida que as mistificações forem sendo propagadas. Notem bem: partidos têm todo o direito — e até o dever — de puxar a brasa para a sua sardinha. Mas é preciso um mínimo de decoro nessas coisas.

A rigor, o PT jogou no lixo o seu próprio programa quando chegou ao poder, fazendo do estelionato eleitoral uma categoria de pensamento, e governou, como disse então Luiz Carlos Mendonça de Barros, com o software que roubou do inimigo. O país começou a se encalacrar sob a gestão de Guido Mantega porque a realidade do mundo mudou, e os petistas não conseguiram criar o seu próprio software. Eram e são muito mais talentosos como piratas — inclusive da biografia alheia.

Por Reinaldo Azevedo

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