A agência de risco acha que o Tesouro terá de socorrer Petrobras
Já se sabe que um eventual governo de transição terá de administrar um
déficit monumental para ajustar o orçamento público. O buraco pode ir a R$ 360
bilhões. Quem acompanha o funcionamento da máquina pública, porém, lembra que
há
Como se tratam de gastos desconhecidos até que sejam devidamente
contabilizados, vivem no terreno das estimativas.
projeção conservadora,
feita por especialistas de diferentes áreas, a conta pode passar de R$ 250
bilhões. Mas há quem diga que pode ser ainda maior. Em relatório, a agência de
classificação de risco Moody’s estimou que, no pior cenário, a conta vai a R$
600 bilhões.
O que popularmente se chama de esqueleto, na literatura econômica é
chamado de gasto contingente: despesa excepcional gerada por derrapadas na
gestão da política econômica que fica escondida até que exploda ou que alguém
jogue luz sobre ela. Para os especialistas em contas públicas, essa despesa
tende a proliferar
“Tem uma coisa que precisa ficar clara: a dinâmica do gasto social, do
gasto com previdência, do gasto com pessoal, tudo isso, é muito previsível. Não
há surpresa. A gente conhece e não deixou esqueletos. Mas a política setorial
deixou”, diz o economistas Mansueto Almeida, especialista em contas públicas.
As estimativas de gastos extras feitas a pedido da reportagem incluem
eventuais capitalizações que o Tesouro tenha de fazer nas estatais Petrobrás,
Eletrobrás e Caixa Econômica Federal, a negociação das dívidas dos Estados, que
vão gerar perdas para a União, o risco de inadimplência com o Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies), e a manutenção do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT
Estimativas. A
agência de risco Moody’s dedicou um relatório inteiro à discussão dos passivos
contingentes no Brasil observando apenas os grandes desembolsos que podem vir
pela frente. Pelas suas estimativas, ao longo dos próximos três anos, os gastos
extraordinários podem variar entre 5% e 10% do PIB, o Produto Interno Bruto:
algo entre R$ 295 bilhões e R$ 590 bilhões
Como esse tipo de gastos afeta o fôlego financeiro da União, a Moody’s
estimou que os gastos levariam a dívida – hoje perto de 70% do PIB – para 90%
do PIB em 2018.
A agência avaliou que há possibilidade de o governo socorrer tanto a
Petrobrás quanto a Eletrobrás, porque ambas estão sob pressão financeira. Entre
2016 e 2018, apenas a Petrobrás demandaria cerca de R$ 300 bilhões – mais de R$
100 bilhões apenas para pagar dívidas
A agência analisou também a saúde dos bancos públicos: Caixa Econômica Federal,
Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Considerou que a Caixa é a instituição mais sensível a um eventual socorro.
Hoje, a Moody’s não vê risco no segmento, mas, se houver deterioração e
estresse das instituições, o passivo contingente tende a explodir, indo a R$
600 bilhões.
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