Há duas semanas, publiquei meu primeiro artigo aqui no Blog. Foi sobre a ridícula viagem à Espanha do Presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, a pretexto de “contatos” com parlamentares e com a intenção verdadeira de assistir ao clássico Real Madrid X Barcelona.
Bom número de comentários. Muitos a favor. Outros parecendo da mesma pessoa, chapas-brancas, insultuosos. Nenhum desses buscava justificar a posição do deputado, que marca sua passagem pelo terceiro posto na hierarquia sucessória da República por incomum apreço ao “viril esporte bretão”.
Precários. Autoritários. Desqualificar quem critica para desviar a atenção do fato real, que precisaria ser avaliado em toda sua extensão pela opinião pública.
O que houve com o PT? O poder de mais de oito anos o empobreceu intelectualmente? Deixou de teorizar? Perdeu a identidade? Considera mais fácil ser simplório do que dar tratos à bola?
O exemplo vem do próprio Lula. Fernando Henrique publica alentado artigo dirigido, sobretudo, aos tucanos. Quase um livro.
O ex-Presidente “respondendo”, matou no peito (viram como também sei misturar futebol com política?) e simplificou: “não sei como alguém estuda tanto para depois dizer que é contra o povão”. Fiquei pasmo. Mais do que quando ele faltou ao almoço com o Presidente Obama e os ex-Presidentes brasileiros, a convite de Dilma Rousseff, supostamente para não ofuscar a anfitriã e o visitante.
Nem o sol seria capaz de façanha desse porte. E nem Bertrand Russell haveria de ser tão brilhantemente sintético quanto seu colega acadêmico, “doutor” honoris causa.
Por essas pessoas não se pode dizer nada que contrarie o Planalto. Detentores de cargos comissionados que “escrevem” defendendo a boquinha. Horroriza-me o maniqueísmo que considera Lula intocável e crime de lesa-humanidade criticá-lo e ao partido tão “perseguido” por Antônio Fernando de Souza, Procurador-Geral da República que investigou o mensalão.
Esse fundamentalismo pago com dinheiro público não faz bem à democracia brasileira. A prática das eleições sindicais movidas a fraude e desforço físico não pode virar o padrão da disputa de poder entre nós.
Cá estou. Peito aberto.
Arthur Virgílio é diplomata. Foi líder do PSDB no Senado
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