sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Caxias, a verdade e a pacificação nacional.





Neste reduzido espaço, não cabe o tamanho da indignação da família militar do país. Ouso afirmar que não há, hoje, nas Forças Armadas (FFAA) brasileiras, na ativa e, muito menos na reserva, um só soldado que não se sinta em desconforto com a orquestrada campanha que, maliciosa e sorrateiramente, visa revisar a Lei da Anistia, através da decisão, anunciada ontem pela “Comissão da Verdade”, de só investigar os crimes cometidos pelos agentes do ESTADO durante o período dos governos militares. Uma nova, etapa de seu objetivo maior. Com essa decisão a “comissão de notáveis engajados”, que deveria agir com imparcialidade, mostrou suas garras.

A dissimulada intenção de assegurar aos brasileiros o direito à sua memória é revanchismo odioso que se contrapõe frontalmente ao virtuoso e necessário espírito de conciliação nacional.

Pertinaz e recorrente campanha procura antagonizar as FFAA com o restante da nação, comandada por setores ainda inconformados com o que ocorreu no passado distante, quando alegam, hoje, diferentemente do que apregoavam no passado, que lutavam pela restauração da DEMOCRACIA. Até as pedras sabem que pretendiam implantar a Ditadura do Proletariado, cópia fiel do que ocorria em tantas outras nações subjugadas durante o longo tempo da Guerra Fria.

Será que os velhos inimigos, sedentos de ódio, não perceberam que os militares mantêm-se disciplinados e coesos, aceitando por interesse e convicção as regras democráticas? Com que intuito procuram remexer feridas e fantasmas que o bom senso e a prudência vêm cicatrizando ao longo do tempo? Não julgam suficientes o Instituto da Anistia e as polpudas recompensas recebidas pelas famílias de desertores, por ex-terroristas e assaltantes de bancos? O que mais desejam: a desmoralização de suas Forças Armadas?

A quem interessa essa provocação desnecessária e inoportuna? Que vantagens a nação terá em alimentar essa atmosfera de cizânia e de discórdia? Será que nossos vizinhos lucraram e pacificaram suas nações, com a obtenção da “verdade”? Que verdade a nação precisa conhecer? A dos sofismas ou a real? A dos vencedores ou a dos vencidos?

Mesmo que os seus adeptos enfatizem o contrário, tentando mostrar imparcialidade, o que desejam é uma ribalta para a teatralização de julgamentos espetaculosos, com o intuito de desmoralizar as únicas instituições, hoje, capazes de impedir que a nação venha a ser silenciada pela implantação de um regime totalitário contrário aos nossos costumes e crenças. A sociedade não deve se iludir.

Diante da insidiosa campanha, como cidadão e velho chefe militar, atrevo-me a relembrar à sociedade brasileira sobre o histórico e exemplar papel desempenhado pelo Duque de Caxias, patrono do Exército Nacional, quando em momentos graves da nacionalidade sempre optou pela pacificação e a concórdia, apagando com lucidez e equilíbrio os resquícios de ressentimento e de ódio da nação convulsionada.

O regime democrático, com o qual estão identificados todos os militares brasileiros, pressupõe a subordinação do Poder Militar ao Poder Civil. A “circunstância” hoje, diferente da que vivíamos há quarenta e oito anos, invalida qualquer aventura ou intervenção fora dos remédios previstos em nossa Carta Magna; isso não significa, entretanto, que velhos e conhecidos detratores - quando jovens, simpatizantes do fracassado marxismo de triste memória - com seus ataques periódicos e contumazes, sintam-se livres para continuar a destilar seu interminável ódio e a difundir o “maldito credo” de resultados desastrosos e perfeitamente conhecidos, ou de tentar, unilateralmente, constranger aqueles que os combateram com patriotismo, sacrifício e sabedoria, com o frágil argumento de que lutavam por um regime democrático e de apontar para os ingênuos uma falsa e discutível “verdade”.



Porto Alegre, 20 de setembro de 2012


Carlos Augusto Fernandes dos Santos

General da Reserva

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