Preso político no regime militar, o ex-presidente do PT José Genoino comparou a experiência do mensalão à da ditadura. Só que, em vez de pau de arara, disse, o instrumento de tortura é a caneta. Irritado com reportagem da Folha segundo a qual seu estado de ânimo preocupa os petistas, Genoino fez seu desabafo pouco antes de passar por um cateterismo no InCor (Instituto do Coração): "O que estou vivendo hoje eu passei durante a ditadura. Os torturadores usavam pau de arara. A tortura hoje é a da caneta. É a ditadura da caneta".
Assessor especial do Ministério da Defesa, Genoino ficou contrariado com a informação -relatada por petistas e confirmada por sua assessoria jurídica- de que pedira aos advogados que preparassem uma procuração permitindo que a mulher administre suas contas caso seja condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Na conversa, Genoino disse que teria de trabalhar com a hipótese de prisão -ideia rechaçada por seu advogado, Luiz Fernando Pacheco.
Ontem Genoino voltou a negar a existência da procuração. Segundo ele, a reportagem causou tristeza e a ruptura entre ele e o suspeito de ser a fonte da informação: "Quero que você esqueça que existo, que me esqueçam." Segundo o InCor, após um cateterismo para avaliação das coronárias, foi descartada necessidade de angioplastia: "O resultado do exame foi considerado normal para a faixa etária do paciente".
O estado clínico e o abatimento de Genoino são alvo de preocupação no PT. Ele responde no STF pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. Segundo a denúncia, apesar do reduzido patrimônio, ele foi avalista de empréstimos dos bancos Rural e BMG que ajudaram a financiar o mensalão.
Genoino afirma que não tratava de assuntos financeiros da legenda.(Folha de São Paulo)
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