terça-feira, 29 de abril de 2014

Os adoradores do apedeuta.


Partido é o primeiro aliado do governo Dilma Rousseff a oficializar a preferência pela candidatura do ex-presidente nas eleições de outubro 


Texto por Marcela Mattos, de Brasília
Deputado Bernardo Santana (PR-MG), líder do PR na Câmara: foto de Lula no lugar de Dilma no gabinete. (Saulo Cruz/Agência Câmara)
Às voltas com uma crise na Petrobras e índices de aprovação do governo em queda livre, a presidente Dilma Rousseff continua sofrendo abalos em sua candidatura à reeleição. Nesta segunda-feira, a liderança do PR na Câmara divulgou um manifesto defendendo a volta do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, batizado por setores do PT de "Volta, Lula". 

"A era Lula levou a dinâmica do crescimento econômico que garantia renda mínima onde antes dominava a fome”, diz a nota assinada por 20 dos 32 integrantes da bancada. "O país precisa do reencontro com os princípios daquela aliança de 2002”, continua o texto.“Entendemos que o momento de crise, dentro e fora do país, reivindica a força de uma liderança política com a experiência e o brilho de Luiz Inácio Lula da Silva no comando da nação brasileira novamente.” 

A insatisfação do PR com Dilma não é novidade. A sigla já chegou a abandonar a base quando foi defenestrada do comando do Ministério dos Transportes por corrupção – e só voltou a dar seus votos a favor do governo quando retomou o controle da pasta.


Mais: a manifestação do PR a favor da candidatura de Lula ocorre após adescabida tentativa do petista de desqualificar o julgamento do mensalão, escândalo que teve a participação da antiga direção do PR (então PL) – a legenda apoia o PT em eleições desde 2002. 


“Nós somos parceiros e não estamos rompendo com o governo. Mas esse é um momento de buscar a conciliação nacional e não depõe em nada contra a presidente, que governou muito bem. É um momento de crise que exige atitudes mais extremas”, disse Bernardo Santana, líder da sigla, que fez questão de pendurar uma foto de Lula no gabinete da liderança na Câmara dos Deputados.

Reportagem de VEJA desta semana mostrou que a presidente Dilma Rousseff enfrenta um momento inédito de fragilidade. 


Além de ter problemas na economia, como o crescimento baixo, a inflação persistente e o desmantelamento do setor elétrico, ela perdeu apoio popular e força para barrar, no Congresso, iniciativas capazes de desgastá-la. 

A aprovação ao governo caiu a um nível que, segundo os especialistas, ameaça a reeleição. 



Partidos aliados suspenderam as negociações para apoiá-la na corrida eleitoral. Já os oposicionistas conseguiram na Justiça o direito de instalar uma CPI para investigar exclusivamente a Petrobras. Acuada, Dilma precisa mais do que nunca da ajuda do PT, mas essa ajuda lhe é negada. 



Aproveitando-se da conjuntura desfavorável à mandatária, poderosas alas petistas pregam a candidatura de Lula ao Planalto e conspiram contra a presidente. 



O objetivo é claro: retomar poderes e orçamentos que foram retirados delas pela própria Dilma. 



A seis meses da eleição, o PT está rachado entre lulistas e dilmistas — e, para os companheiros mais pragmáticos, essa divisão, e não os rivais Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), representa a maior ameaça ao projeto de poder do partido.

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