Sou o que sou. Tenho orgulho das minhas raízes: Índio, Português, Sírio, Libanês e Italiano. Vivo numa grande cidade que amo. Num país que adoro. Trabalho arduamente, como muitos brasileiros. Aprendi a respeitar as pessoas em virtude da educação que recebi.
Aprendi a respeitar as leis graças as universidades que conclui. Tenho os meus defeitos. Tenho as minhas qualidades. Minhas maiores alegrias são: minha família, meus amigos e meus alunos. Não sou o cidadão exemplar e nem tenho a pretensão de ser.
Pago os meus impostos e minhas contas religiosamente em dia. Sou avesso ao comodismo. Respeito todas as opiniões e manifestações. Mas, não sou adepto a selvageria das manifestações que partem para a agressão e depredações.
Muito bem ... dia 06/06/2014 foi dia de trabalho, um dia normal independente da chuva, do trânsito, do jogo do Brasil, da coordenação no período noturno na Anhanguera, da sindicância do condomínio ... Era dia de trabalho. Antes da reunião que havia agendado ainda tive tempo de sacar o salário da Dª. Dalva e entregar em mãos. Sai do Morumbi para a região do Paraíso local da reunião. Tomei o caminho de sempre.
Perto do monumento às Bandeiras no Parque do Ibirapuera trânsito caótico, parado e para piorar chuva. Como transito pela cidade de moto facilmente venci os carros parados e alcancei o monumento. Lá pude constatar qual era o motivo do congestionamento ... uma manifestação de índios e membros do MST. No máximo umas 100 pessoas que deveriam ter os seus motivos. Reunião marcada e não queria me atrasar.
Dirigindo minha moto e rente ao meio fio acelerei para atravessar a Avenida Brasil em direção ao obelisco. Em poucos segundos fui cercado por um grupo de indígenas portando bordunas, arcos e flechas. Sentado na moto, roupa de chuva, capacete, e com o sangue quente dei de ombros e acelerei a moto.
À minha frente se postou um índio ... Em punho um arco e flecha, por sinal muito mal feito, mas que poderia sim causar algum dano, e sem cerimônia fincou a flecha contra o meu peito, enquanto esticava a corda e em tom ameaçador esbravejou: Se acelerar essa moto novamente eu MATO VOCÊ.
Foi o limite pra mim, em segundos coloquei o pezinho da moto no chão, desci da moto, levantei a viseira e fixando meu olhar naquele pseudo índio (portava celular, relógio, agasalho da nike e tênis adidas) esbravejei também: Seu filho da puta, tira essa merda do meu peito e repete pra mim o que você falou ... Se você falar eu vou fazer você engolir essa porra de arco e flecha.
Fiquei cego de ódio (sei que me arrisquei ... espero que ninguém faça isso) e repeti umas 30 vezes a mesma frase enquanto o cerco por outros do bando aumentava. A situação poderia ter tomado outro rumo não fosse a chegada da polícia militar e por outros motoqueiros tomarem as minhas dores.
Puto com tudo que estava vivendo externei mais uma vez a minha raiva contra quem me ameaçava: Tire esse tênis, esse agasalho, solta esse celular e volta pra mata seu filho da puta. Minha ira era descomunal.
Sou descendente de índio, sou trabalhador, sou cidadão e sou brasileiro. Sou contra impedir o direito de ir e vir. Quer se manifestar, se manifeste na urna, aprenda a votar, saiba onde e quando manifestar.
Essas palavras são um desabafo contra a irracionalidade dessas manifestações sem pé e cabeça que pipocam pelo país, de forma totalmente irresponsável e sem nexo. Mas, minha vontade de fazer aquele cretino engolir aquele arco e flecha ainda não passou.
Ricardo José Neves é Professor Universitário, Advogado e Motociclista.
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