A vaia do Itaquerão continua nos demais estádios. Já foram ouvidas em Cuiabá, Belo Horizonte, Fortaleza e Curitiba, ao fundo das transmissões. A imprensa pratica auto-censura, tentando evitar que o movimento se propague. A maior vitória de Dilma não é junto ao eleitor. É junto, justamente, à elite da imprensa e dos políticos, que a defenderam no episódio.
Assessores e a equipe de campanha da presidente Dilma Rousseff avaliam que ela saiu ganhando no início da Copa do Mundo e recebeu munição para se defender de ataques da oposição nesta fase de convenções para definições de candidaturas.
Além de as manifestações de rua estarem tímidas pelo país até o momento, os xingamentos dirigidos a Dilma na abertura da Copa, no Itaquerão, em São Paulo, resultaram em apoio e solidariedade a ela no campo governista e até na oposição.
Auxiliares destacavam como positivo o apoio do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão, que levou ex-integrantes da cúpula do PT à prisão. Na avaliação de assessores de Dilma, os xingamentos foram ruins, mas o governo conseguiu tirar proveito da "virulência" da torcida.
Do ponto de vista político, o episódio também cai como uma luva no discurso já adotado pelo PT, de que uma "elite preconceituosa" no Brasil tenta inviabilizar a presidente da República em benefício do senador Aécio Neves, candidato do PSDB ao Planalto. Assessores presidenciais ressaltam, ainda, que Aécio teve de recuar. Depois de aproveitar as vaias para atacar a petista, o senador mineiro mudou de tom e passou a não endossar os insultos.
Não por acaso, Lula explorou o fato no fim de semana e deve voltar ao tema na convenção do PT programada para sábado, quando Dilma será indicada oficialmente como candidata à reeleição. Nesta semana, a cúpula da pré-campanha fará análise de conjuntura e avaliará o impacto das vaias sobre a imagem de Dilma nesta fase de largada da candidatura. Segundo um aliado, a convenção também será "um grande desagravo" à presidente.
Dilma, porém, deve tentar se preservar nos próximos dias. Ela tende a seguir mais na linha do que disse na última sexta-feira, quando falou que não esquecerá o que ocorreu no Itaquerão, mas que perdoa quem a ofendeu. A resposta de Dilma foi considerada por correligionários como "positiva". Eles avaliam que as vaias e principalmente os xingamentos vitimizaram a presidente em um momento em que ela precisava de defesas públicas.
Um integrante da cúpula de campanha de Dilma disse que o ambiente do Mundial, que muitos avaliavam que seria negativo para o governo, "começou a mudar e, neste momento, é positivo". Ele ressaltou que a mídia internacional já está até elogiando a organização da Copa. Outro integrante da campanha diz que ainda não dá para cantar vitória, mas que tudo indica que o cenário negativo não vai acontecer.(Folha de São Paulo)
Calote toma conta do Minha Casa, Minha Vida. Dilma não cobra inadimplentes para não perder votos nas eleições.
Apesar da elevada inadimplência, o governo não está executando os beneficiários do Minha Casa, Minha Vida que têm renda mensal de até R$ 1,6 mil e estão atrasando o pagamento das prestações do principal programa habitacional da presidente Dilma Rousseff. O Acre lidera o ranking dos Estados com maior índice de inadimplência. De cada 100 contratos assinados, 37 estão com o pagamento atrasado por mais de 90 dias. Já Alagoas tem o índice mais baixo do país (4,67%).
Segundo dados do Ministério das Cidades repassados ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, a taxa média de inadimplência no país para a chamada faixa 1 era de 16,7% em 30 de abril, ou seja, porcentual praticamente oito vezes maior que o apurado no mercado de financiamento imobiliário. No caso do Estado de São Paulo, o índice por atraso superior a 90 dias foi de 14,38% em abril. No Rio, chegou a 29,76%.
Apesar da alta taxa de calote, a prestação das famílias com renda de até R$ 1,6 mil do Programa Minha Casa, Minha Vida é de até 5% da renda, limitada a R$ 25, pelo período de dez anos. Porém, essa parcela acaba sendo alta, por exemplo, para pessoas que têm como renda apenas o Bolsa Família. Tendo em vista as eleições, o governo Dilma não está cobrando os inadimplentes, utilizando isso como estratégia eleitoral.
O programa habitacional é um dos principais trunfos da presidente Dilma Rousseff na disputa eleitoral. Ela já prepara a terceira edição que deve ter a meta de 3 milhões de imóveis. Para atender à faixa de menor renda em cidades com mais de um milhão de habitantes, técnicos do governo estão fazendo alguns ajustes e estudam a criação de uma faixa intermediária de renda entre R$ 1,3 mil e R$ 2,25 mil. Em São Paulo, por exemplo, o alto custo do terreno dificulta o acesso de famílias de baixa renda ao programa.
Em março, a inadimplência de crédito imobiliário na Caixa era de 1,68%, sendo 1,49% em habitação de mercado e 1,91% no consolidado do Minha Casa Minha Casa Minha Vida. No período, a taxa de calote no mercado de crédito imobiliário era de 2,2%. (Informações do Valor Econômico)
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