quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Conheça os sete pecados da grafia.


O arco-íris tem sete cores — vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Tem, também, outros nomes. Alguns o chamam de arco-celeste. Outros, arco da aliança. Há os que preferem arco da chuva, arco-da-velha ou arco de Deus. Seja qual for a denominação, o fenômeno óptico representa algo mais que o show multicolorido do céu.

Cristianismo, islamismo e judaísmo dizem que, depois do Dilúvio, quando a arca de Noé pousou sobre o Monte Ararat, Deus fez um pacto com os homens. Prometeu que nunca mais inundaria a Terra. Depois de cada chuva, o arco nas nuvens simbolizaria a aliança entre o Todo-Poderoso e os seres vivos do planeta.

Pacto semelhante firmaram as criaturas humanas. Trata-se da grafia das palavras. Emprego das letras, do hífen, dos acentos sempre foi uma grande confusão. Muita conversa rolou. Não faltaram xingamentos e sopapos. Mas valeu a pena. Saiu o acordo. Ele está no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp). Os dicionários se baseiam nele. Segui-los pega bem. Informa que temos familiaridade com a escrita.

Pacto da aliança

Leis existem para serem cumpridas. Mas nem todos o fazem. As principais vítimas são palavras que soam do mesmo jeito, mas se escrevem de forma diferente. O ouvido, infiel, engana. A gente se descuida. Ops! A punição não tarda. Cai a classificação em concursos. Vão-se promoções. Perdem-se amores. Ninguém merece. Nem você. Eis as principais tentações que, disfarçadas de ciladas, jogam o distraído nas fogueiras infernais.

Hora e ora

Hora significa 60 minutos: É uma hora. Que horas são? A velocidade da via é de 60km por hora.

Ora quer dizer alternância, por enquanto, por agora: Ora, estuda, ora trabalha. Lamento, mas, por ora, nada posso fazer.

Demais, de mais

Demais joga no time do exagero. Tem a acepção de muito, demasiadamente: Como demais. Fala demais. Corre demais.

De mais quer dizer a mais. Opõe-se a de menos: Ele me deu troco de mais (de menos). Até aí, nada de mais (de menos). O Brasil tem processos de mais e juízes de menos.

Mal e mau

Mau, adjetivo, opõe-se ao também adjetivo bom. Na dúvida, parta para o troca-troca. Reescreva a frase com o antônimo. Se soar natural, escreva o monossílabo com u sem susto: lobo mau (lobo bom), mau humor (bom humor), mau funcionário (bom funcionário).

Mal tem dois papéis. Pode ser substantivo ou advérbio. Em ambos, opõe-se a bem: Nos filmes românticos, o bem vence o mal. As drogas são o mal da atualidade. Não tenho paciência com mal-humorados.

Mais e mas

Mais é o contrário de menos: Um mais um é igual a dois. Trabalho mais do que ele. É isso, sem mais nem menos.

Mas, conjunção adversativa, quer dizer porém, todavia, contudo, no entanto: Estudei muito, mas não passei. O deputado fala muito, mas não convence. Muitos trabalham pouco, mas ganham altos salários.

Ó, oh

Ó aparece no vocativo, quando chamamos alguém: Deus, ó Deus, onde estás que não me escutas? Até tu, ó Brutus, meu filho! Ó Paulo, entra, que está chovendo.

Oh! é interjeição. Tem vez quando ficamos de boca aberta — de admiração ou espanto: Oh! Que linda criança. Oh! Que trapaceiro! Ó Rafa, não entendi seu oh! de espanto. Pode me explicar?

Resumo da arca

É isso. Tomada e focinho de porco são salientes e têm dois buracos. Mas um dá choque. O outro cheira. Confundi-los cria problemas. E como! Na língua, ocorre o mesmo. Há palavras que, na aparência e na pronúncia, são quase iguais. Mas confundir-lhes a grafia faz estragos. Xô! - BLOG DA DAD







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