terça-feira, 28 de dezembro de 2010

POEMA DA NOITE


              Adotarei o Amor

"Adotarei o amor por companheiro
e o escutarei cantando, 
e o beberei como vinho,
e o usarei como vestimenta. 

Na aurora, o amor me acordará
e me conduzirá aos prados distantes. 
Ao meio dia, conduzir-me-á à sombra das árvores
onde me protegerei do sol como os pássaros. 
Ao entardecer conduzir-me-á ao poente, 
onde ouvirei a melodia da natureza
despedindo-se da luz, 
e contemplarei as sombras da quietude
adejando no espaço.  

À noite, o amor abraçar-me-á,
e sonharei com os mundos superiores onde
moram as almas dos enamorados e dos poetas.  

Na primavera, andarei com o amor, lado a lado,
e cantaremos juntos entre as colinas; 
e seguiremos as pegadas da vida,
que são as violetas e as margaridas; 
e beberemos a água da chuva,
acumulada nos poços,
em taças feitas de narciso e lírios.  

No verão, deitar-me-ei ao lado do amor
sobre camas feitas com feixes de espigas, 
tendo o firmamento por cobertor e a lua
e as estrelas por companheiras.  

No outono, irei com o amor aos vinhedos
e nos sentaremos no lagar, 
e contemplaremos as árvores se despindo
das suas vestimentas douradas 
e os bandos de aves migratórias
voando para as costas do mar.
 
No inverno, sentar-me-ei com o amor diante
da lareira e conversaremos 
sobre os acontecimentos dos séculos
e os anais das nações e povos.  

O amor será meu tutor na juventude, 
meu apoio na maturidade, 
e meu consolo na velhice.  

O amor permanecerá comigo até o fim da vida, 
até que a morte chegue, 
e a mão de Deus nos reuna de novo."

"Gibran Khalil Gibran"
 

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