UM GRANDE PRESENTE DE NATAL |
Queda no poder de compra, encarecimento do crédito, endividamento em alta e confiança do consumidor em baixa fizeram deste Natal o mais fraco para o comércio em 11 anos. Segundo o indicador de atividade do comércio da Serasa Experian, as vendas na principal data para o comércio cresceram 2,7% no país (já descontada a inflação), pior desempenho desde o início da série, em 2003. "O consumidor está menos disposto a comprar e mais preocupado em sair da inadimplência do que em contrair novas dívidas", diz Luiz Rabi, economista da Serasa.
O levantamento foi feito com base em consultas realizadas na semana de 18 a 24 deste mês. "Vivemos nos últimos anos uma antecipação forte do consumo, estimulado pela redução das alíquotas de impostos", diz Nuno Fouto, professor do Provar/FIA. "Isso comprometeu muito a renda. E, com a inflação, o consumidor está mais receoso. Acabou a onda positiva. Hoje só o ministro da Fazenda diz que está tudo bem." Para ele, a bolha de consumo acabou "há muito tempo". "Em 2011 voltamos ao nível de crescimento que tínhamos em 2004."
Os shoppings registraram crescimento de 5% em termos reais, metade do esperado, puxado exclusivamente pela abertura de novos empreendimentos e ampliações. Na mesma base de comparação, conceito mesmas lojas, não houve crescimento. "Foi um ano preocupante", diz o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun. O setor deve encerrar o ano com faturamento de R$ 132,8 bilhões. O número considera os 38 novos shoppings abertos ao longo do ano.
EFEITO MIAMI
Além dos motivos que afetaram o comércio de modo geral, os shoppings acrescentam a competição com outlets de Miami e Orlando, que vivem abarrotados de brasileiros. "Os preços lá fora são muito menores e isso é um inibidor de compras, sobretudo no setor de vestuário", diz Sahyoun. O segmento nos shoppings registrou queda de 1% no Natal e deve encolher 2,5% no ano.
Segundo a Alshop, o gasto individual com presentes caiu 10% neste ano. Variou de R$ 35 a R$ 45 nos shoppings populares. E de R$ 75 a R$ 125 nos estabelecimentos de classe média e alta. Na avaliação da associação, essa desaceleração não é apenas conjuntural. "A volúpia de compras acabou. As pessoas já compraram o que precisavam e agora estão fazendo reposição", diz Luiz Augusto Ildefonso da Silva, diretor de relações institucionais da Alshop.
Para o economista Eduardo Tonooka, a capacidade de estimular a economia por meio do consumo, com a redução de impostos, chegou ao limite. "Com os níveis de emprego elevados, não há muito mais espaço para ter mais pessoas ingressando no mercado de consumo", diz. (Folha de São Paulo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário