segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Corrupção, a lei e a ordem.


   ESTÁ CHEGANDO A HORA  - ELE VAI CONTAR TUDO COMO ACONTECEU


A sociedade brasileira caminha para o fundo do poço e, quiçá, tenha que tirar lições para reconstruir-se. A onda de violência nas grandes cidades (destaque para São Paulo e Florianópolis, mas que não são as únicas) é apenas o lado mais cruel da banalização da vida. Na raiz do problema, no entanto, aparece uma outra chaga brasileira: a corrupção. E, com ela, o desrespeito à lei e à ordem.

Os brasileiros incorporaram a corrupção ao cotidiano a ponto de não a reconhecerem nas ações mais simples, como mostrou uma pesquisa recente encomendada pela Universidade Federal de Minas Gerais ao Instituto Vox Populi. Rouba-se TV a cabo, água e energia elétrica no Brasil, como se fosse a coisa mais natural do mundo. E não é só quem não tem dinheiro. Os ricos, os empresários, os ‘boa-vida’ são os que mais roubam, os que mais sonegam impostos, os que mais abusam da idiotice do povo brasileiro, que aceita pagar mais caro apenas para se vangloriar diante dos que não podem comprar.

O resultado desse estado de coisas começa a aparecer em forma de tragédia. O melhor exemplo são os presídios brasileiros. O Estado gasta bilhões de reais todos os anos para manter o sistema prisional, e a corrupção manda tudo para o espaço. Os presos dominam as cadeias, gozam de regalias, conseguem se equipar com telefone celular, computador e internet. Muitos saem do presídio o dia e a hora que querem para praticar crimes. Carcereiros, diretores de presídios, policiais e juízes participam, direta ou indiretamente da corrupção que corrói os presídios. O resultado está aí: o crime organizado dita as regras, desestabiliza governos e massacra cidadãos inocentes.

No Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas, defende-se o endurecimento de penas. Diante da tragédia paulista, onde a bandidagem passou a matar policiais, apareceram os defensores de lei para tornar crime hediondo o assassinato de agentes de segurança pública. A proposta é uma bobagem, porque o problema não está na falta de legislação. O problema brasileiro são as pessoas, a falta de parâmetros éticos, o escasso espírito público dos cidadãos. Para um criminoso, bastaria a pena de prisão em um presídio que realmente o privasse da liberdade.

A Justiça demora anos para pôr um criminoso na cadeia, principalmente se ele tiver como pagar um advogado. Não há isonomia entre ricos e pobres quando se julgam os crimes no Brasil. Aí está o mensalão como exemplo. O próprio ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, aparece para criticar o sistema prisional, destino de seus companheiros de partido. Para o PT, partido que governa o País, a lei não pode ser aplicada aos ‘engravatados’ da mesma forma que aos ‘pés descalços’.
Como nem a autoridade constituída respeita a lei, a sociedade mergulha na desordem. Homens e mulheres não respeitam nada nem ninguém. A violência ainda nos assusta, mas começa a parecer natural que se matem pessoas todos os dias. Os leitores de jornais ‘populares’ frustram-se quando não há uma ‘bela’ manchete trágica. O ‘cidadão de bem’ aplaude quando a polícia mata um suposto ‘bandido’, mesmo que seja apenas suposto. Muitos acham mesmo que o papel da polícia é matar bandido.

Não há saída para a sociedade brasileira a partir das instituições públicas. A saída é privada. Precisa partir do íntimo de cada pessoa, disseminar-se na família, torna-se tema de discussão nas comunidades, nos condomínios, nas praças para então chegar aos parlamentos, que precisam ser melhor representados. Hoje, os parlamentos são a representação da sociedade corrupta. Mas numa nova ordem social, será a representação da ética, da moralidade pública, do respeito aos bens e aos interesses republicanos. É um sonho que os brasileiros precisam começar a sonhar.

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