Ela voltou – O PPS encaminhou nesta semana pedido de informações ao Ministério das Comunicações cobrando detalhes sobre os processos de cassação das concessões e compra da empresa de telefonia Unicel pela Nextel. O negócio nebuloso de R$ 500 milhões envolve a ex-ministra Erenice Guerra e seu marido, José Roberto Camargo, que é diretor da empresa falida.
Segundo denúncias divulgadas pela imprensa há suspeitas de tráfico de influência dentro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para facilitar o que seria uma negociata. Reportagem da revista Veja desta semana revela os bastidores do negócio e aponta que, com a negligência da Anatel, a empresa de telefonia Unicel, que se encontra em estado de falência, pode se transformar em uma “mina de ouro” para a família da ex-ministra que deixou o governo sob suspeitas de corrupção.
“Essa movimentação da ex-ministra, que foi ‘braço direito’ da presidente Dilma na época do governo Lula, é muito suspeita. A Controladoria Geral da União já considerou que a Anatel beneficiou a empresa de telefonia Unicel ao conceder a ela uma faixa de frequência em condições privilegiadas e recomendou que a agência suspendesse imediatamente a outorga. Isso não aconteceu até hoje. Como é que agora, ao invés de cancelar a concessão, a Anatel está prestar a avalizar a compra da empresa falida pela Nextel? Isso precisa ser explicado”, cobra o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), no requerimento de informações.
Segundo a revista Veja, a falida Unicel, que operava telefonia celular, acumulou dívida superior a R$ 150 milhões, a maior parte junto a Anatel. Com apenas 22 mil clientes em São Paulo, sumiu do mapa em 2010, deixando para trás queixas de consumidores e diversos processos na Justiça.
“Desde que a Unicel fechou as portas, dormita na Anatel o processo de cassação das concessões conseguidas pela empresa dirigida pelo marido da ex-ministra. Esses processos estão parados há dois anos”, revela a revista, que ouviu de um conselheiro da agência que essa demora facilitou a negociação entre a empresa falida e a Nextel.
A reportagem mostra ainda que Elifas Gurgel, ex-presidente da Anatel que concedeu as concessões para a Unicel, é amigo de Erenice e de seu marido. E, hoje, atua como consultor da empresa e é o responsável por tentar convencer a agência de fiscalização que presidiu a autorizar a compra da telefônica falida pela Nextel.
“É toda uma trama muito suspeita. Esperamos que o negócio não se concretize e vamos cobrar isso da Anatel. A própria presidente Dilma, madrinha de Erenice quando ela ocupava postos no governo, precisa estar atenta para a movimentação de sua ex-pupila”, cobra Bueno.
De acordo com matéria publicada pelo jornal “Folha de S. Paulo”, as empresas concorrentes “suspeitam que esse tenha sido um ‘pedágio’ que o governo está pagando à Nextel por, em 2008, ter participado do leilão de 3G, fazendo o ágio passar de 100%. A União arrecadou R$ 5,4 bilhões com as licenças”.
Mais confusão
Desde que voltou à cena publica, Erenice Guerra tem se envolvido em casos nebulosos, sendo acompanhada de perto pelo PPS. No último dia 22 de outubro, o líder do partido ingressou no Tribunal de Contas da União (TCU) e na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) com pedidos de esclarecimento sobre a atuação da ex-ministra em processos envolvendo uma megalicitação de linhas interestaduais de ônibus, assunto revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. As respostas devem ser enviadas até o final deste mês.
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