O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer participar pessoalmente da indicação de pelo menos três ministros que irão compor o novo governo de Dilma Rousseff. Segundo a Folhaapurou, Lula está empenhado em apontar os nomes para Fazenda, Educação e Cidades. Ele avalia que as pastas serão fundamentais para alavancar programas importantes para seu projeto político em 2018.
Durante encontro com Dilma, nesta semana em Brasília, Lula disse considerar esses três ministérios os mais importantes para o futuro governo e recebeu o aval da presidente para acompanhar de perto iniciativas e resultados.
No seu primeiro mandato, Dilma se incomodou muitas vezes com as interferências de Lula, mesmo com as mais discretas. A presidente queria deixar uma marca de independência em relação ao antecessor e evitava tomar decisões sob sua tutela. Agora, dizem aliados do ex-presidente, Dilma sabe que seu padrinho político precisa preparar o terreno caso queira concorrer ao Palácio do Planalto novamente. "Esse governo não pode dar errado. Lula acompanhará bem de perto", explica um aliado do ex-presidente que também transita com liberdade no núcleo de Dilma.
Interlocutores da presidente, no entanto, ponderam que nenhuma escolha de Lula passará sem consentimento de Dilma. Ainda não há acordo, por exemplo, sobre o novo ministro da Fazenda. Para assumir o posto, Dilma quer o ex-secretário-executivo da pasta Nelson Barbosa, mas Lula prefere o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, seria um nome de consenso, mas petistas acreditam que dificilmente ele aceitaria o convite.
GOVERNABILIDADE
Uma das principais dificuldades do primeiro governo Dilma, a relação com os partidos aliados, também está na mira da estratégia de Lula. Além de opinar na composição dos ministérios --e acompanhar as ações de algumas pastas--, o ex-presidente vai conversar com os representantes das siglas que compõem a base de Dilma e estimulará a presidente a fazer o mesmo movimento.
Lula quer melhorar especialmente o diálogo de Dilma com o seu próprio partido. Ele considera a mediação necessária para diminuir as queixas sobre a atuação da presidente. Às vésperas da eleição, a petista teve que lidar com pressões para que fosse Lula, e não ela, o representante do PT na disputa presidencial.
A acomodação dos aliados nos ministérios, inclusive, deve diminuir o espaço do PT na Esplanada, acreditam integrantes da cúpula petista. Alguns deles defendem que a pasta de Relações Institucionais, responsável pela ponte entre governo e Congresso, saia das mãos do PT para as de um partido aliado. Apesar disso, os petistas deverão permanecer à frente de ministérios importantes. Além do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, devem ser mantidos o ministro da Saúde, Arthur Chioro, e o da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Lula também indicou nos últimos dias que não deixará de lado o que chama de "reconstrução" do PT. O ex-presidente pediu a aliados mais diálogo do partido com a juventude e a reaproximação da sigla com os movimentos sociais, além da defesa de bandeiras históricas de esquerda, como reforma agrária e regulação da mídia. (Folha de São Paulo)
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