O ex-presidente Lula incitou ontem os petistas a declarar "guerra" contra os adversários que usarem o mensalão como arma de campanha nas eleições municipais. Ele cobrou reação em reunião fechada com dirigentes do partido, prefeitos eleitos e candidatos que disputarão segundo turno no dia 28. "Não queríamos guerra. Mas, já que eles nos chamaram, vamos para a guerra", disse, segundo relato de participantes do encontro.
Lula exaltou a atuação do próprio governo no combate à corrupção e pediu que os petistas confrontem sua ação no setor com a do antecessor, Fernando Henrique Cardoso. "Vamos discutir problemas das cidades. Mas, se formos chamados de mensaleiros, não podemos deixar sem resposta. Vamos debater de cabeça erguida", afirmou. O secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi, acusou adversários de montar um script, "inclusive com as Redações dos grandes jornais", para prejudicar a sigla. "Vamos responder. Aceitar que o PT apanhe desse jeito não é do nosso DNA. Não podemos permitir que nos coloquem na defensiva. Isso é totalmente absurdo", afirmou.
A ordem já foi seguida pelo candidato do PT em São Paulo, Fernando Haddad. Ele adotou tom mais agressivo e citou o escândalo da compra de votos para a reeleição de FHC ao ser questionado anteontem sobre o mensalão. Coordenador da ala majoritária da sigla, Construindo um Novo Brasil, o dirigente Francisco Rocha disse que os militantes não vão "se esconder embaixo da mesa" e também reagirão a quem chamar petistas de mensaleiros. "Uma militância que não se curvou durante dois meses sob massacre não se curvará num processo de 20 dias", afirmou, referindo-se ao segundo turno. "É evidente que vão explorar o julgamento, mas vamos enfrentá-los."
A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, disse que os danos políticos do mensalão teriam ficado no passado. "O que o PT tinha que sangrar, já sangrou há sete anos." Lula chegou de surpresa à reunião de ontem, em que a direção do partido apresentaria um balanço do primeiro turno em todo o país. Além de discursar sobre o mensalão, ele prometeu viajar mais e prometeu ir às capitais nordestinas onde o PT está na disputa: Fortaleza, João Pessoa e Salvador. O ex-presidente deixou a sede do partido pouco depois de a maioria dos ministros do STF votar pela condenação de José Dirceu e José Genoino por corrupção ativa. Saiu com os vidros do carro fechados para não dar entrevistas.(Folha de São Paulo)
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