Fama ruim - Esta semana, o governo brasileiro anunciou que a China trará mais de US$ 53 bilhões em investimentos para o País. Porém, em vez de comemorações, o anúncio causou ceticismo entre analistas de mercado e empresários brasileiros. O motivo é o fato de o país asiático ter fama de divulgar obras megalômanas durante viagens oficiais que, na maioria das vezes, não saem do papel.
O jornal “Folha de S. Paulo” fez um levantamento, publicado nesta sexta-feira (22), que identificou oito projetos anunciados pelo governo chinês no Brasil que não foram realizados e totalizaram pelo menos US$ 24 bilhões. Entre eles, um projeto de construção de uma fábrica e de um porto seco em Barreiras, na Bahia, e uma siderúrgica que seria erguida em parceria com Eike Batista em Porto do Açu, no Rio de Janeiro. Os dois foram cancelados.
Também há entre os projetos “fantasmas” a construção de uma ferrovia que ligaria os municípios de Cuiabá (MT) e Santarém (PA). Em 2012, o Banco de Desenvolvimento da China e o governo do Mato Grosso assinaram um acordo de financiamento de 10 bilhões de dólares. O projeto jamais saiu do papel. Na área de mineração, a ECE (Organização de Exploração e Desenvolvimento Mineral do Leste da China) assinou carta para a compra da Itaminas por 1,2 bilhões de dólares, em 2010. O negócio ainda não foi fechado e, nem será.
Dos 35 acordos assinados na última terça-feira (19) entre a presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, apenas 14 têm recursos assegurados e estão com o processo mais avançado.
Após os anúncios feitos nesta semana, que iam desde uma ferrovia transcontinental que ligaria os oceanos Atlântico e Pacífico à criação de um fundo de investimento para infraestrutura de US$ 50 bilhões, o governo federal fez questão de dizer que os acordos não passavam de “memorandos de entendimento” – ou seja, que ainda necessitavam de estudos de viabilidade e formalização de contrato. (Por Danielle Cabral Távora)
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