quarta-feira, 20 de maio de 2015

Tristeza de Soldado.

TRISTEZA DE SOLDADO

Tristeza de soldado é ver as Forças Armadas serem desprezadas, não sendo ouvidas nem mesmo nos assuntos que lhes são recorrentes; é ver o nome de seus mais ilustres representantes ser denegrido e vilipendiado, por espíritos insanos e revanchistas; é ver ferida a alma da virtude e dos valores, que nunca se desgarram do peito de um soldado; é ver a sua história ser reescrita por pessoas que nunca tiveram compromisso com a democracia e a liberdade.

Tristeza de soldado é ver as flores coloridas dos jardins, que ornamentam os palácios em coreografias artísticas - perfumando as brisas que o vento traz e o vento leva - serem substituídas por flores monocrômicas, plantadas em formato estrelar, exalando um odor tóxico, capaz de envenenar almas frágeis e inocentes.

Tristeza de soldado é ver, nas noites frias, uma estrela vermelha que se julga dona do céu - cercada por outras da mesma tonalidade, que lhe servem de bengala – resistir em ser substituída por outras de colorido diferente, para que as noites despertem de seu pesadelo e um fio de esperança volte a brilhar.

Tristeza de soldado é ver o futuro estacionado no presente como se fosse um navio ancorado na solidão do mar. No timão, uma dama de vermelho, autoritária e prepotente, nascida do mal, tentando levá-lo para o desconhecido, onde o mar termina e o vazio começa.

Tristeza de soldado é ver o sol se por e não vê-lo nascer; é ver as tardes douradas serem substituídas por nuvens enegrecidas; é ver uma estrela solitária, desbotada e cadente, querendo ser sol para enganar o dia; é ver que o futuro iluminado por essa estrela não tem a beleza dos ipês que colorem os campos, nem o canto dos sabiás que alegram as laranjeiras. Esse futuro parece um rio sem água, uma praia sem brisa, uma palmeira sem vento.

Tristeza de soldado é ver homens de vermelho e assemelhados, que ocupam o trono como se fossem reis, pregarem a honestidade e saquearem o país tal como os piratas saqueiam os portos; é vê-los fazerem fila na porta das empresas para receber propinas; é ouvir deles a negação de tudo, como se tudo fosse mentira; é ouvir de quem ocupa o trono justificar a corrupção por ser tão antiga quanto a história (coitado do Brasil!); é ver presas pessoas que roubam para viver e, soltas, pessoas que vivem para roubar.

Tristeza de soldado é sair de casa sem a certeza de que vai voltar; é ter medo de estar na direção de uma bala certeira ou perdida, disparada por bandido ou policial; é ser assaltado de dia ou de noite, em casa ou na rua; é andar por estradas e ruas com buracos de todos os tamanhos; é ir ao hospital e não ser atendido, por falta de leito, médico ou remédio; é ir à escola e não ter aula, por falta de água, professor ou merenda; é frequentar a escola e não aprender o que foi ensinado; é não saber transformar em conhecimento a informação recebida; é ficar horas e horas nas paradas de ônibus e, quando ele chega, está mais cheio que sardinha na lata.

Tristeza de soldado é ver a virtude perder o seu encanto; é ver a honestidade ficar desnutrida e esquelética, sem força para viver, sem vida para andar; é ver a verdade ser empalhada como se estivesse morta e ser colocada no museu. É ver o trono prometer fantasias, enganar o povo, maquiar a realidade; é ver o Brasil deslizar na neve rumo ao precipício.

Tristeza de soldado é acordar de manhã e ver a dama de vermelho, postada em seu assento imperial, aparecer na televisão para condenar o passado, enaltecer o presente e colorir o futuro; é ver que o passado tem heróis, o presente malfeitores, o futuro apenas sonhos.

Tristeza de soldado é ver que os sonhos são apenas sonhos; que a realidade é mais dolorida do que se pensa; que a esperança não tem mais pernas para andar nem asas para voar; que o Brasil está envolvido numa expedição sem rumo.
Ainda bem que Deus é brasileiro e vai nos ajudar.

Gen Bda José Batista de Queiroz

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