Marco Aurélio Top Top Garcia acredita que só os 3% ou 4% que consideravam o governo do PT ruim ou péssimo se interessam pela indecorosa emissão de passaportes diplomáticos para a família Lula e seus apaniguados. Não deixa de ser um reconhecimento e uma deferência a esses verdadeiros heróis, não é mesmo?, em quem um blogueiro do Planalto já quis até botar uma tornozeleira eletrônica. Considerando que se trata de um ato indecoroso, imoral e, no limite, ilegal, até Marco Aurélio admite que essa extrema minoria corresponde àquela para a qual existe diferença ente o certo e o errado, o aceitável e o inaceitável. Sim, eu entendi o seu esforço para reduzir os protestos aos “descontentes de sempre”. Mas ele acabou dizendo, sem querer, uma verdade. Caso se dê conta disso, vai retirar imediatamente a fala…
O petismo e as regras do decoro vivem mesmo uma estranha relação. Hoje, foi o presidente da Câmara, Marcos Maia (RS), candidato a preservar o cargo na legislatura que vem, quem se saiu com juízo parecido. Ele reagiu às críticas feitas por Ophir Cavalcante, presidente da OAB, à concessão indiscriminada de passaportes diplomáticos a deputados e familiares em viagem de… turismo!!!
Maia disse estranhar as críticas do presidente da OAB e afirmou, à moda Marco Aurélio, que o país tem problemas mais sérios a resolver. Ora, é claro que tem! O maior deles é um desafio verdadeiramente ontológico: saber se foi o ovo ou a galinha a surgir primeiro. Todas as irresoluções da humanidade também estão presentes em Banânia. Nem por isso vamos deixar que a esbórnia coma solta, uma vez que não resolvemos alguns dos dilemas essenciais do homem.
Esse tipo de raciocínio é uma estupidez e uma pilantragem intelectual. Ademais, não cabe aos beneficiários das prebendas irregulares decidir o que é o que não é importante. Apelando ao extremo, não tenho dúvidas de que Marcola considera que o país tem problemas bem mais graves do que o PCC…
As leis e as regras têm de ser cumpridas, especialmente pelos homens públicos, que têm a força da representação. Não lhes cabe arbitrar que determinação legal vão ou não cumprir.
Há dias, foi a vez de o ministro Nelson Jobim (Defesa) tratar com menoscabo as críticas à farra da família Lula numa instalação militar no Guarujá. Também ele acha que há coisas mais sérias no país com as quais devemos nos ocupar. Certo!
A ser assim, sugiro que esses iluminados se reúnam, estabeleçam as prioridades do país, digam quais são os assuntos aos quais devemos nos dedicar, decretando, em seguida, que, fora daquela pauta, não existe mais pecado.
E vamos partir para a farra, ué!
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